Palais de Tokyo
Após uma série de estudos iniciados em dezembro de 1930, Henri Matisse, aos sessenta anos, começou em abril de 1931 a desenvolver uma grande composição dividida em três telas. Oito figuras foram desenhadas com carvão preso à ponta de uma vara de bambu e, em seguida, pintadas a óleo em tons de cinza sobre um fundo azul. Essa obra, intitulada A Dança inacabada, retoma o tema circular e vibrante de A Alegria de Viver, criada em 1906.
Com suas pinceladas amplas e a profundidade do gesto, Matisse manteve o caráter tradicional da pintura, mas, após meses de trabalho, percebeu que a escala e a complexidade da composição exigiriam revisões intermináveis. Em setembro de 1931, decidiu interromper o projeto e utilizou a própria tela como suporte experimental, fixando sobre ela papéis coloridos recortados para testar novas formas e combinações cromáticas.
Desse processo nasceu A Dança — também chamada Dança de Paris — obra que marcou uma mudança fundamental na prática do artista e introduziu o uso dos recortes como linguagem autônoma. A Dança inacabada permaneceu enrolada e esquecida por décadas, até ser redescoberta em Paris, na primavera de 1992.